Trump vai ao ataque dando trombadas com as guerras culturais 3a6k5x

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan
  • 11/10/2017 08h13 - Atualizado em 11/10/2017 10h59
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EFE Trump e seu vice Mike Pence se enrolam no patriotismo, acusando quem protesta de insultar a pátria

Donald Trump vai ao ataque, dando trombadas com as guerras culturais. A ideia é gerar divisões e distrações dos seus fracassos. A guerra cultural mais marcante do momento é o jogo da bandeira. Trump e seu vice Mike Pence se enrolam no patriotismo, acusando quem protesta de insultar a pátria.

O caso flagrante: os jogadores de futebol americano, quase todos negros, que se ajoelham durante a execução do hino para protestar contra brutalidade policial, desigualdades sociais e racismo. Obviamente, eles não estão insultando a pátria, talvez o comandante-em-chefe que faltou ao serviço militar na Guerra do Vietnã e não tem pudor para insultar genuínos heróis militares como o senador John McCain.

O caso do hino estava meio adormecido e foi despertado no domingo pelo vice Mike Pence, que por instruções do chefe, deixou o estádio em Indianapolis quando jogadores se ajoelharam durante sua execução.

E esta briga Trump ganhou. Na terça-feira, o cartola da NFL, Roger Goodell, capitulou e pediu aos 32 times da liga de futebol americano que assegurem que os jogadores se levantem na hora do hino. Nada como fabricar a polêmica do hino quando a banda presidencial dá vexame atrás de vexame.

O governo pisa na bola na reconstrução de Porto Rico, território devastado por um furacão. O esporte de Trump é arremessar rolos de toalhas de papel para desabrigados.

Através de decretos, Trump reverte medidas da era Obama, mas sua agenda legislativa não tem nada a oferecer. Trump sequer consegue alinhar o seu time republicano, maioria no Congresso, para aprovar projetos de lei importantes, algo cada vez mais difícil, pois ele a um tempão tuitando insultos contra senadores do próprio partido.

Há ainda os escândalos do time de ministros, submetidos à auditoria pelo uso abusivo de jatinhos e aviões militares. Tom Price não está mais a bordo como ministro da Saúde.

E o presidente que nos comícios eleitorais, ainda em marcha, estimula os gritos de “lock her up” para Hillary Clinton pelo uso de um servidor privado de e mails quando era secretário de Estado, vê contornos familiares na atitude. A filha e o genro, que trabalham para o governo, também eram chegados em conta privada de e mail no exercício da função.

Existe a guerra civil dentro do próprio ministério, com o debate se o ainda secretário de Estado, Rex Tillerson, chamou o presidente meramente de idiota (moron) ou de fucking moron. Políticos republicanos ficam mais corajosos, após anunciarem que não vão concorrer à reeleição, para chamar Trump de idiota, ignorante ou desequilibrado mental que exige supervisão de adultos.

O senador Bob Corker (alvo preferencial dos insultos presidenciais esta semana) alertou que Trump arrisca colocar os EUA “no caminho da Terceira Guerra Mundial”. Pensando melhor, esta patriotada sobre futebol americano é mais do que uma distração. É um jogo perigoso armado por um presidente impopular, sem conhecimento e sem escrúpulos.

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