Levantamento mostra avanço do agronegócio sobre áreas de proteção em três décadas 3b692v

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Dados do Mapbiomas registram que área mapeada para agricultura no país quase triplicou entre os anos de 1985 e 2020, com domínio da soja

  • Por Jovem Pan
  • 23/10/2021 06h36
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DIRCEU PORTUGAL/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO Na foto, trabalhadores rurais, caminhão, colheitadeira durante colheita de soja. Segundo pesquisa, soja domina agricultura brasileira

Em 36 anos a área mapeada da agricultura brasileira triplicou. Dados do Mapbiomas apontam que de 1985 a 2020 o país ou de 19 milhões de hectares plantados para 55 milhões. Desses 55, 36 milhões são de soja. Com a valorização e aumento da demanda pelo mercado externo, o cereal começou a se expandir cada vez mais. A soja ocupa 4,3% do território nacional, área equivalente a todo o território da república do Congo e maior do que países como Vietnã, Malásia e Itália. Além da soja, a cana de açúcar também é uma das plantações com mais hectares no Brasil. O cerrado foi o que mais vivenciou essa expansão ao longo desses 36 anos. Até a década de 1970, o bioma era visto com pouco potencial para o plantio. Com a expansão e ocupação do território, porém, o país começou a investir em tecnologias que adaptassem o plantio de sementes como soja e milho.

O coordenador Técnico do MapBiomas, Moisés Salgado , lembra que essa ocupação do cerrado, que compreende quase todo o estado de Goiás, parte de Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Piauí, Bahia e Maranhão, se deu diante de um contexto em que não havia preocupação com o desmatamento. “Erra terra barata na ocasião, existia uma série de incentivos para o desmatamento nesta ocasião, a mentalidade era completamente diferente da mentalidade atual. Existia um incentivo para o desbravamento destas regiões, para o desmatamento, para tornar áreas antes cobertas com vegetações nativas, áreas de proteção de grãos”, analisou. O especialista explica que o cerrado ainda apresenta expansão agrícola fomentada pelo desmatamento, sobretudo no Matupiba, região mais ao norte que compreende os estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, onde as terras são mais baratas.

A partir da década de 1990 a mentalidade sobre o agronegócio começa a mudar e dá início às discussões sobre os impactos ambientais causados pelo setor. Moisés recorda da cobrança do mercado internacional para que o Brasil siga protocolos de cuidado com o meio ambiente. “E a gente começa então a ver uma pressão para que este desmatamento seja interrompido e ao longo da década de 1990, do século 21, a gente vai acompanhando esta tendência de continuada expansão agrícola, mas, cada vez menos sobre a área de vegetação nativa”, pontuou. Na Amazônia, o crescimento da soja começou a partir do início dos anos 2000 e soma 5,2 milhões de hectares, o que representa 14% do total nacional.

*Com informações da repórter Camila Yunes

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